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Profissionais da Rede de Saúde Mental participam de capacitação sobre Luto

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No sábado (11) os profissionais da Rede de Saúde Mental de Chapecó participaram de uma Capacitação com o tema Luto. As palestrantes foram Lucélia Elizabeth Paiva e Maria Helena Pereira Franco que atuam na PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto – Lelu.

Próximo de completar um ano do acidente aéreo que vitimou a Delegação da Chapecoense, atletas, jornalistas e dirigentes conversamos sobre luto com a Doutora em Psicologia Lúcélia. Falamos sobre luto, como ajudar uma pessoa, como reconhecer os sinais que cada pessoa tem no momento do luto e quais os momentos mais difíceis.

Por que trabalhar o tema luto com os profissionais de Saúde?

Para esclarecer um pouco sobre como os profissionais de saúde podem trabalhar a questão do luto nos mais diferentes contextos e nas diferentes idades. O luto afeta todas as pessoas desde os adultos até as crianças. No caso de Chapecó, não somente os familiares, mas toda cidade sofreu com a tragédia da Chapecoense. Falar sobre luto, esclarecer como trabalhar a temática, como observar os sinais que as pessoas manifestam: não é só emocional, é possível encontrar isso também nas reações físicas. Cada um reage de uma maneira e tem diferentes momentos para viver o luto. Muita gente acredita que estar de luto é estar o tempo todo mal e você não precisa ficar mal o tempo inteiro, você precisa lidar com a perda e lidar com a reorganização da vida. É importante trabalhar com as equipes de saúde, pois eles também precisam estar bem para atender uma pessoa no momento do luto. “Na tragédia da Chapecoense os profissionais de saúde também foram atingidos”.

O que eu posso fazer para ajudar alguém que esteja passando pelo momento do luto?

Existem muitas maneiras para ajudar: acolher no sentido de poder respeitar o outro, o que mais se encontra é a dificuldade de o outro e entender o momento. O que mais se ouve é: ‘não fica assim’ e a pessoa precisa estar daquele jeito. É necessário poder validar as emoções de cada um, poder estar junto no silêncio, às vezes a gente não sabe o que falar e fica falando quando a pessoa só quer alguém para ficar junto. O acolhimento, nada mais é do que estar junto no silêncio, é o abraço, o aconchego. Às vezes a pessoa não quer a aproximação física, é necessário sentir a necessidade do outro.

Qual o papel dos profissionais de saúde e como podem ajudar as pessoas?

Às vezes, com medicamento, mas não para calar a pessoa e poder abafar uma dor que é necessária, real e valida. Validar a dor e as emoções. E não só a dor, é também acolher quando a pessoa está bem, e não instigar que ela esteja sempre em dor.

Como acolher?

Ouvindo. Por exemplo, uma dor de estômago pode ser reflexo do momento vivido pela pessoa, um médico da área pode ajudar. De repente a manifestação física pode ser decorrente de uma questão emocional. Existem diversas manifestações no corpo que podem surgir a partir do luto. Precisamos estar atentos a isso e identificar como cada um está reagindo e manifestando naquele momento para poder ajudar cada um e fazer um bom acolhimento.

O primeiro ano é o mais difícil?

O primeiro ano é o mais difícil e diferente. Você depara com aquelas datas especiais sem a pessoa. Se deparar com a falta real. É Dia dos Pais, Dia das Mães e Natal sem a pessoa. Agora próximo do primeiro ano do acidente é celebrado com respeito e algo que a gente referencia e não nega. A gente lembra e pode trazer o que tem de dor, mas também o que tem de possibilidades a partir disso. Aqui em Chapecó tem uma situação diferente por ser um momento de comoção nacional. Existe o luto público e individual e é difícil ter que transitar nisso tudo pois são dores e lutos diferentes. No entanto, a celebração mais pública pode servir de acolhimento porque é estar junto, na mesma sintonia, e com o mesmo propósito. Só que são momentos e dores diferentes. É diferente você perder um ídolo ou perder um marido, um filho, um irmão ou pai.